sábado, 16 de fevereiro de 2008

agônia, agora, Not Belonging

Não é que o que me levou a criar meu primeiro blog tenha passado. Meu Ariel e meu Caliban(as duas faces de Álvares de Azevedo) ainda estão em constante embate, porém, as pessoas crescem, os sentimentos amadurecem, meio-termos(pelo menos, nesse sentimento) são encontrado. Um blog dark com o nome de fallen archangel, por fim, não refletia mais aquilo que eu queria passar, mesmo sentimento, porém, nova compreensão, novo nome. Enfim, para o primeiro post, vou explicar porque eu comecei a escrever e porque o novo título é o Ex-Estranho.

Quando eu tinha cerca de 13 anos, escrevi minha primeira poesia, em uma aula de redação. Se chamava Profeta do Amor e era construída, basicamente, em cima da minha sabedoria popular de menino que viu muita têve, jogou muito videogame e ouvia o pai tocar violão desde sempre. Então surgiu um poema, meio Frejat, que apesar deu não lembrar sobre o que se tratava, falava sobre Orfeu, que foi ao inferno atrás da sua amada(falar isso na época, fez com que eu me sentisse o máximo). Na mesma época, meu interesse pela leitura aflorou. Lia livros como quem vê filmes, seguidos, só parando quando estava na rua. Lia nas aulas, em casa, no carro, em viagens.
Apesar de não saber exatamente quando, sei que tem haver com a leitura e a escrita, além é claro da adolescência. O fato é que nesta época fui atacado por um furacão de sentimentos que não sabia que existiam em mim. Ansiedade de ocupar a mente, de me fazer ser visto, de crescer, de amar.
E assim saia a poesia, como algo que me ocupava quando esta ansiedade me atacava, era onde contava meus amores muitas vezes criados, paixonites, onde tentava criar um mundo meu, acalmando a necessidade que desde pequeno sempre tive de "fazer de conta". Era nas poesias também que falava sobre aquilo que não podia fazer, e dai surgiu o Arcanjo Caído, a face daquilo tudo que já tive vontade de fazer mas não fiz.

Já se passaram 7 anos desde comecei a escrever. Li muito, escrevi muito, sobre tudo e todos. Os temas mudavam de acordo com a fase, os sentimentos mudavam um pouco também, mais uma coisa sempre esteve ali: a ansiedade, a fome de alguma coisa que nunca era satisfeita por completo, a angústia de querer as respostas da vida, de querer encontrar quem eu seria. E assim, segui, analisando meus atos, analisando o mundo a minha volta, e sempre escrevendo. E escrevendo e lendo encontrei essa palavra, esse sentimento que me domina, já dito por Leminski, o sentimento de not belonging, de não encontrar a paz de espirito em nenhum lugar, com ninguém.
Bom, acho que este post já está longo o suficiente, então vou parar por aqui(mesmo o sentimento ainda estando explicado pela metade), para acabar, basta me imaginar como uma mente inquieta, querendo sempre mais, sempre algo, sempre querendo descobrir a sua verdade(e que, agora, vem conseguindo, mesmo não tendo se livrado de tudo que ama como fez Sidarta, mas não foi ele mesmo que disse que cada um tem o seu jeito de se encontrar? Ele falava a verdade, obrigado). Pra completar vai uns versinhos em homenagem à Leminski e o seu Ex-estranho.
ps: acabei esquecendo de explicar o que é o Ex-Estranho, explico outra hora, mas é basicamente, uma consequência do not belonging.

Misto de Tédio e mistério
meio dia / meio termo
incerto ver nesse inverno
medo que a noite tem
que o dia acorde cedo
e seja eterno o amanhecer

Paulo Leminski

2 comentários:

Anônimo disse...

Li tudo e fiquei feliz por te conhecer um pouco mais, por compreender tudo o que você escreveu e tudo o que você sentiu. Não sei se você é fácil de "se ler" (como você mesmo disse) ou se sou eu que consigo te compreender (e tantas outras pessoas, acredito, também são capazes. Não sou especial em nenhum sentido). Legal ter descoberto um pouco mais sobre a fase em que começou a ler, a escrever e a se interessar por aquilo que é a minha fonte, o meu motivo de viver, o meu suposto dom, o meu estudo e o meu futuro trabalho. Se não fosse você, sinceramente, me acharia uma perdida no mundo, um ET, ser do outro mundo. O que me faz acreditar que sou humana é saber que tem outra pessoa que vê a vida e as palavras assim como eu. Muita sorte nesse blog! Um beijo grande.

Anônimo disse...

NÃO CONSEGUI PUBLICAR COM MEU NOME. Mas sabes quem sou.
Será que o que acometeu Sidarta foi na verdade um sentimento de Not belonging? Boa visão.
Interessante como você criou tudo isso... Ou será que fui eu?
Papo de maluco.
Pelo que me dizes, és tu um Eu caçador de Mim.
Já disse que se quiser, se curará. No entanto, concordo que deixaria de ser boa parte do que você é; como ser desta forma te agrada, viva e sinta.
Me vejo em você, amigo.