domingo, 23 de novembro de 2008

Um passo de conhecer o estrangeiro, como se dizia

Sem criatividade, dois pensamentos ocupam minha mente: a desilusão e a esperança que uma viagem seja capaz de mudar tudo, ou pelo menos clarear. Uma poesia feita no mesmo dia que acabei a oração...e que já me rendeu 3 posts.

Prosa em verso

Fumava um cigarro longo
desses que dura enquanto durar o momento.
O sol deu às caras e se foi
como a (des)esperança em meu peito.

Sou feito desta matéria,
meio sem nada, quiça etérea.
Dou uma, duas, três rabiscadas
pra consagrar o dia
em que me perdi no tudo,
na rua, no choro, na calçada,
na pressão, mais baixa a cada tragada.
No dia que me perdi no tudo,
na tarde que me encontrei em nada.

Gabriel Riva

ps: achei o final meio clichê, dêem opniões..

sábado, 1 de novembro de 2008

É Deus, parece que vai ser nós dois até o final

Não sei se a vida que tenho levado é minha. Mas tenho vivido, e isso já é um começo. Toda experiência é antropologicamente aceitável. Ou quase toda. Amanhã, faltará 1 mês e um dia para ir para minha pasárgada de 5ª... vamos ver quanto poemas ela vai me render.
Assim que tenho contado as experiências que vivo, por quantas poesias e quantas histórias me rendem. Poesias tenho feito como não fazia há muito tempo, desdo meu terceiro ano.
Essa aqui, particularmente, comecei a fazer um dia em que rezava de verdade. Rezava, depois de uma noite de bebedeira, e saiu. Tive que pedir desculpas ao Senhor ou Quem-Quer-Que-Seja que me ouve rezando, e fui escrever. Mostrei a algumas pessoas e estas pediram para eu terminar ela...mas era difícil ter o clima certo, mas tive.

Sábado passado foi um dos dias mais difíceis que vivi. Um dia daqueles que parece que um elefante senta em seu ombro, mas mesmo assim consegui andar, mesmo que torto, mesmo que bambo. Fui caminhar na orla da praia, algumas cervejas e baforadas depois, tinha lido muitas poesias, visto um dia bonito de se ver, e escrito duas poesias...e terminado esta oração.

Vou postar junto dela uma oração de outra pessoa, que gostei muito também, mesmo sendo bem diferente da minha hehe. Escolha a sua e reze todo dia...faz bem, mesmo pros sem fé.

Oração de Boteco

Senhor, ainda que me perca
entre cigarros e bebidas,
entre amantes e meretrizes,
jamais esqueci de ti.

E a cada noite, quando me deito,
todos os pecados do dia afloram em meu peito,
derramo lágrimas
enquanto oro a ti.

Sei que não sou destes filhos beatos,
sou desses que rezo mais por desencargo.
Mas se rezo, é por acreditar em alguma coisa
Maior que isso, maior que tudo, maior que mim.

Gabriel Riva
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Oração

Senhor, faça do meu peito o teu lugar Agradeço por tudo o que consigo Por ser meu pai e por ser meu amigo Seja minha voz, meus olhos, meus ouvidos Afasta-me do perigo de não te adorar. Faça-me instrumento de tua paz Obrigada por nunca soltar a minha mão Agradeço até pelos problemas Que fazem levantar e caminhar Em tua direção.

Analice Alves

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Quando se descobre um passado que não se lembrava

Ele pode ser mais atual que imaginávamos. Em breve postarei uma poesia de 1 ano atrás que nem lembrava que existia, assim como o texto que vai. Pelo que lembro, inspirado no livro A Cura de Schopenhauer. Mais atual do que nunca.

18 de junho de 2007

Desistir da vida. Esse é o primeiro passo para aproveita-la.
Perceber que a vida não é pra ser levada tão a sério, já que o mesmo destino está escrito para o final de todos nó:a morte.
E que tudo, assim, seja bem vivido. Que a dores sejam pequenos enfartos, os amores sejam perfeitos, os momentos sejam eternos.
Que tudo que for pequeno seja esquecido, afinal, pra que se importar com o que os outros pensam ou falam? Qual diferença fará isso, depois que você se for?
Que leve como aprendizado apenas os máximos e extremos. Que releve tudo que for mediano.
Isso, é meu novo viver.

Gabriel Riva

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

02:19 de uma segunda-feira...

...e eu deveria estar dormindo, mas a cama não me chama.
Passei pela sala, mais cedo e vi meu irmão vendo Superpop, tive raiva. Não por ele estar vendo superpop - cada um na sua, uns curtem meninas, outros meninos, uns supernatural, outros superpop - mas porque evangélicos discutiam com funkeiros. Me revoltei. Não também pela discussão - eles que briguem, se batam, se arranhem, explodão, sei lá. Me revoltei porque é sabido, senso comum, quando evangélicos vão falar mal de algo em programas de quinta, é de RPG!!! E não de Funk! Trocaram o RPG por funk! Me revoltei.
Acho que terei que sair por ai, com minha camisa do encontro de rpg, e desenhar crucifixos pela cidade com catchup e falar que é sangue de recém nascidos...enfim, devaneios da madrugada. Meu blog é assim: escrevo qualquer coisa que me venha na cabeça. Um dia estava constatando que me falta profissionalismo. Se retocasse meus poemas antes de posta-los, provavelmente ficariam melhores. Mas prefiro eles mais frescos.

Hoje o post tá longo. Postarei para vocês ainda 1 texto - curto, que fiz pra por na descrição das fotos do meu time de futebol americano - e 2 versões da mesma poesia.
A poesia é a fatídica da noite de domingo para segunda, em que sem saber, chorava no dia certo. Foi feita em um celular enquanto andava na praia e num guardanapo de um bar solitário. Primeiro, postarei uma versão um pouco mais trabalhada, e a última sera sua versão original.

Obrigado aos que entram aqui e, ainda mais, aos que se dignam a comentar(2 ou 3) - é sempre um incentivo a mais para postar.

Longos dias e belas noites.
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É fácil chamar de irmão aqueles que sempre lutaram ao seu lado. Mas isso aqui não é festa de ano novo ou natal. É guerra. E na guerra, poucos tem a coragem de dar seu sangue por aquele que outrora foi seu inimigo - mas que agora dão o sangue por você também. Isso meus amigos, é honra, jamais trair o compromisso que assumiu. Lutamos, sangramos, perdemos, ganhamos. Mas nunca abandonamos um guerreiro. Levamos na cara, pra depois levantar e, não oferecer o outro lado, mas pra bater ainda mais forte. Isso, meus amigos, é força. Somos Corsários, somos Buccannons, somos o Novo Niterói Warriors, e estamos prontos para a batalha. Força e Honra.

Gabriel Riva
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Lágrimas em palavras - segunda versão

Eu te ligo procurando a salvação
Ou alguma outra resposta mesmo sabendo que vai dar ocupado.
No fundo todo mundo sabe que mora dentro
pra qualquer problema a salvação,
mas é que minha aflição eu carrego nas costas.
Eu me acovardei.

Eu vi a morte mais de perto que pudia,
Eu vi a vida mais de perto que queria,
eu dei um trago. No meu mais novo hábito de fumar um cigarro
pra acompanha o já velho da bebida, qual é o mal nesse também,
eu pensei.

Você me ofereceu um beijo uma trepada,
No fundo só queria companhia,
mas tem pessoas difíceis demais para viverem sozinhas.
Dizem que tem males que vivemos para o bem,
mas sou egoísta, prefiro não vivê-los
isso me torna quem?
Aceitei.

Essas palavras são mais choradas que escritas,
Essas palavras são mais de dor que de ternura,
Minha busca me levou para um beco sem saída.
Vou vivendo, vou largando, vou bebendo, vou levando
me levanto, e a cabeça gira
de bebida, de cigarro, de problemas, mais um dia, aguentei.
Me pergunto:
quantos mais assim, que aguentar terei?

Gabriel Riva
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Lágrimas e palavras - primeira versão

Eu te ligo procurando a salvação
Ou alguma outra resposta mesmo sabendo que vai dar ocuopado,
mas é que minha aflição eu carrego nas costas.
No fundo todo mundo sabe que mora dentro pra qualquer problema a solução,
mas eu me acorvadei.
Eu vi a morte mais de perto que pudia,
Eu vi a vida mais de perto que queria,
eu dei um trago
No meu mais novo hábito de fumar um cigarro
pra acompanhar o velho da bebida, eu pensei
qual é o mal nesse também?

Você me ofereceu um beijo uma trepada, eu aceitei.
No fundo só queria companhia,
Minhas dores são grandes demais preu levar sozinho,
tem pessoas difíceis demais para viverem sozinhas,
não aguentei.
Dizem que tem males que vivemos para o bem,
o suicida tem a morte que deseja.
Mas sou egoísta, isso me torna quem?
Essas palavras são mais choradas que escritas,
Essas palavras são mais de dor que de ternura,
Minha busca me leva para um beco sem saída.
Vou vivendo, vou largando, vou bebendo, vou levando
me levanto e a cabeça gira
de bebida, de cigarro, de problemas, mais um dia, aguentei.
Mas quantos mais assim, que aguentar terei?

Gabriel Riva

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Adeus, Garça

Ontem fiz uma poesia sem saber o que sei hoje:
que hoje fazem 2 meses que Gus se foi.
Ao contrário do que pensam, essa data é e sempre será marcante. Ela não é uma coisa pra ser esquecida, é pra ser chorada, é pra se sentir nela toda a saudade que foi sendo guardada pra quando se encontrasse com ele - a mente demora a aceitar a verdade.
Todo ano, lembrarei: 19( o meu bom e velho 19 - call fate) dias antes do meu aniversário ele se foi. E chorarei, não importa o quão corrupto e pudreto possa ser meu futuro - chorarei o mais inocente e belo choro, voltarei aos tempos de criança e aos de não tão criança assim. Rirei das lembranças.
Voltando a poesia, não sairá fresquinha aqui. Não. Ela fica pra próxima. Ela é desespero, ela é dor, ela é amarga como não quero que seja esse post hoje. Vai, ao contrário, uma poesia doce, de Bandeira, mas que poderiam me dar pontilhada numa folha para eu ligar os pontos. Ela é minha. Ela é tão minha quanto dele. E tão minha como de outro.

O Último Poema

Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Manuel Bandeira

domingo, 14 de setembro de 2008

Dias difíceis virão, Harry.

É complexo esse negócio de viver. Ter que andar a cada soco que levo, ter que seguir mesmo depois das rasteiras. Deve ser por isso que gosto tanto de futebol americano, a arte de levar na cara, levantar, e continuar.
Nostalgia tem dominado meus dias. Vivido situações que eu tinha a muito esquecido como eram, encontrado pessoas que a muito não encontrava. Bebido mais que deveria. Seguindo a velha onda, poesia fresquinha, não trabalhada, não pensada. Continuarei, vivendo a deus dará.

O que tem no céu para ser visto?
Uma infinidade de estrelas que não foram encontradas,
mensagens perdidas de povos esquecidos,
cometas despedaços em órbitas planetárias;
signos não descobertos, mapas de vidas passadas?

- Sonhos e palavras, promessas e pedidos
jogados ao vento e levados ao nada.

Gabriel Riva

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Viver é uma arte, um ofício

As poesias falam por elas...

Sobraram

Nem fotos nem bichos nem nada.
Boas lembranças é que também não foram.
De ti me sobraram histórias,
e a única coisa que me deu?
Fios brancos.

Gabriel Riva

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Estranho amor que sentia,
ontem dizia "sou tua"
hoje dizes " sou tua" - pra outro,
que, antes ,dissera ser nada,
e que, hoje, dizes ser tudo.

Bom deve ser ter coração desses
qual se acomoda em canto que seja,
se contenta com amor-migalha que derem
Me diga
- é capaz de amar qualquer coisa que veja?

Estranho amor que sentes,
desses que vem do nada. Mas me diga,
aqui entre sombras. Amas à alguém,
ou apenas "ama", o que quer que tenha
por medo de temer o que venha?

Gabriel

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Bound with blood and ink, till death

Procurar a cada momento alguém que nunca mais poderá falar comigo. Isto é saudade.
O desespero que sinto não é pela escolha feita por ele, cada home faz seu próprio destino,
seja neste mundou ou seja em qualquer outro. O desespero é a falta que esta pessoa insubistituível fará na minha vida. Ele era meu primo e meu padrinho. Um sangue parecido e uma mesma linhagem nos unia. Mas não é disso que falo aqui. Falo de amor.
Falo de não poder mais ver as caras que só ele sabia fazer, nem ter o prazer de chama-lo para o cinema. Não ter seus conselhos sobre qualquer asssunto, mesmo que fosse experiências que ele mesmo nunca viveu. Não ter um homem "watching my back" a cada momento da minha vida. Um fiel guardião, um companheiro leal, um amigo para todas as horas.
Posso dizer que vivi momentos únicos com ele. Acho que quase ninguém conseguiu faze-lo se despreender de todas as preocupações e beber como um dia consegui. Dedos meus estão em todos os sonhos que ele criou e que ele agora, provavelmente vive. Minhas homenagens provavelmente foram sentidas.
Mas ainda assim dói, uma dor que nunca senti, um medo de viver maior que o que sentia todo dia. Porque uma alma boa se foi. Um pistoleiro, um cavaleiro, um paladino. Independente disso tudo. Um ídolo, um irmão, alguém que eu amo. Não são palavras que vão descrever tudo que sinto por ele. Nem elas conseguiram destruir a imagem que montei dele. Porque ele sempre será meu exemplo, e meu pacto foi firmado com ele. Um dever, um compromisso. De viver tudo que ele não poderá viver. De seguir e ser o que ele me ajudou a ser. Um compromisso de viver por mim mesmo, e de nunca trair ao meu espírito.
Gustavo, sua falta será sentida pelo meu coração para todo o sempre, mas minha única tristeza com tudo que aconteceu, é não ter mais você aqui do meu lado.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Quase sidarta, eu sei "ser, pensar, sentir"

Minha barba continua falha, mas um rumo descobri na vida. E o mais estranho é que antes que vivia entre paredes criadas pelo medo de viver, não o tinha, mas agora, quer percebo que a vida é uma planície, e todas as escolhas são unicamente minhas, o tenho.
Percebi(aliás, aceitei) que sentimento é uma coisa muito maior e muito menos definida do que acreditava. Estive apaixonado por alguém que não podia, e ao mesmo tempo, por alguém que não queria. Percebi assim que a minha capacidade de amar é muito maior do que acreditava, o que, no entanto, nunca me limitará a direcioná-la a uma pessoa só.
E assim, me diverti com as pessoas erradas, desejei como quem, por uma noite, ama ( e vejam que aqui não falo de tesão).
O auge desse sentimento foi ter percebido que, em uma noite, que nem de perto será mágica aqui como foi pra mim, percebi que poderia beijar uma boca pois saberia exatamente como seria aquele beijo, seria como beijar a mim mesmo. Uma alma gêmea de cabeça tão diferente que um beijo entre nós seria um incesto, mas, ainda assim, uma maneira válida de demonstrar(não tentem entender) a paixão que a seguinte frase( e leia-a bem, quem quer que seja, e tente sentir a mágica de definir alguém)causou: "Você é uma pessoa muito séria. E assim, a única maneira de você ser feliz, é ser bobo."

ps:a poesia narrando um pouco isso virá em breve.

domingo, 25 de maio de 2008

Quando o corpo pede um pouco mais de alma

Impressionante como ouvir a música certa no momento certo - acompanhada de uma cerveja e de fumaça - pode nos fazer refletir tanto. Preciso disso, de calma, de alma, de tempo, não viver mais na pressa.
Cada dia que me levanto é um desafio - enfrentar as pequenas batalhas diárias, as sociais, as profissionais e, após o resultado das duas primeiras, as psicológicas, sempre mais pesadas. Viver sempre me foi um desafio - mas agora, além do desafio de viver, tenho o de organiza-la. E para isso me falta tempo, me sobra pressa, me falta a valsa.
A tempos não atualizo o blog. Me falta tempo. Não sei a quantas anda minha vida pessoal. Me falta tempo. Tenho problemas para resolver a quase uma ano. Me falta peito. Tenho problemas pra resolver a algumas semanas. Me falta alma.

Segundo Poema da Barba(A falha)

Dizem que minha barba é falha
Por causa da ansiedade.
Meu nervoso sistema emite
Uma mensagem que expande
e enibe.

A sua não sei, mas é prêmio a minha.
Quando era certo, a toda tinha,
mas quando me perdi no meio,
e meio que não sabia,
uma falha surgiu na barba
até um meio surgir na vida.

Gabriel Riva

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Primeiro poema do francês de um semestre

Ah, C`est belle la vie,
Je ne parle pas des français
Mais je connaître d`amour!

Un, deux, trois, quatre
Quel est la bonne choix pour s`embrasse?

Gabriel Riva

domingo, 27 de abril de 2008

Fogo

O escritor tem uma sina maldita: de magoar aqueles que o amam com seus escritos. Um texto de sentimento, invariavelmente, a alguém machuca. Seja aquela que serviu de inspiração, ou a amante desiludida, o amigo criticado ou, muitas vezes, a soberba que se acha alvo. Seja mentira ou verdade(e não seria este um conceito relativo?), alegal presença de eu-lírico nunca melhoram as coisas.

Desta sina já fui agente e receptor, e acho que muitas pessoas o foram.
A poesia que vou postar hoje é bem diferente do que normalmente faço. Aos macacos velhos, digam se gostaram, aos novos, não se assustem...

Fruto D`hora Depois

Parabéns! Conseguiste, sinto nojo de mim mesmo.
Agora que é findo nosso beijo,
vejo que a trepada aliviou teu desejo
e a carícia me marco à ferro e fogo!

Mas vamos, ries, afinal consebera sua vingança!
Perplexo, observo enquanto pra longe você avança.
Seu último olhar - desprezo? - ainda me afronta.
Fui sua puta, confesso, e ainda paguei a conta.

Gabriel Riva

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Compilação

Fiz dois posts que não postei, um por ficar "desatualizado" e outro por ter ficado perdido na formatação...
Não sei se o que escrevo é bom ou ruim e não ligo tanto.
Mas, falo com um pouco de orgulho que uma amiga minha ao ler um poema meu pôs a mão no peito e disse que ali via a vida dela. Nada poderia mais um poeta do que fazer versos no qual os outros sem vêem. Este, talvez, faça parte do segredo da concha...

Paradoxo

Queria poder deixar de lado toda a vida
para ler todos os autores.
Mas ai, não valeria a pena.

Gabriel Riva
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O pior de pensar demais,
É estragar os melhores momentos
Por tê-los antes imaginado

Gabriel Riva
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Parem de falar mal do vazio.
Ele é, sobretudo,
um espaço pra se completar
com si mesmo, com os outros, com o mundo.
Não amar a nada é a esperança
de um dia poder dar todo amor
a alguém.

Gabriel Riva

domingo, 23 de março de 2008

E ponto

A cada dia, milhares de idéias são acessadas por homens inventivos, criativos, capazes de montar os mais belos engenhos, poemas, melodias, filmes. Mas nenhum homem criou uma idéia, elas são pescadas de um outro plano, como diria Platão, um plano onde as idéias perfeitas residem e o que nós produzimos é apenas um esboço dessa perfeição.
Cada vez que uma idéia é acessada, ela se torna mais fácil de pescar. Cada vez que lê-mos uma idéia, nós nos tornamos mais ela, elas se tornam mais nós. Por isso é fácil ao homem se reconhecer nas palavras de outro, porque aquela idéia não era de um homem, mas sim de todos, na verdade, de qualquer coisa muito maior que o homem.
Me reconheci em muitos versos, filmes, músicas. Esse blog nasceu das idéias de outro homem, Leminski, como disse e postei no começo, inclusive postando a poesia original dele, que deu lugar a essa nova. Um hino a criação, a imaginação, um retrato de minhas buscas.
O título do post anterior, me veio sem querer. Mas alguns dias depois me vi respondendo, com orgulho e batendo no peito. Porque o que eu sou? Sou. E pronto.

misto de tédio e mistério
Um meio dia, nunca um meio termo
incerto é ver nesse verso
aquilo que o inverno teme
que pode fazer o dia acordar mais cedo
e ser eterno o amanhecer.

Gabriel Riva

sábado, 8 de março de 2008

- Sr. O que você é? - Eu, eu sou poeta...

Não são 7 da manhã de um dia de insônia, nem tenho um post todo montado na mente, elaborado e auto-explicativo. Mas não preciso ter.
Estou lendo um ótimo livro, "Meus dias de escritor", sobre uma escola onde garotos disputam para conhecer seus heróis, escritores americanos. Lembro particularmente de um trecho que fala sobre as poesias do protagonista, um menino anônimo, que são chamadas unicamente de fragmentos, por serem "[...]compostos nalguma febre de ardor ou filosofia que me abandonava antes que pudesse levá-lo a significar alguma coisa." . Eu mesmo já produzi fragmentos aos montes.

Flerte

O meu problema é a primeira palavra,
como mostrar em tão rápida lábia,
toda a admiração pelo corpo, pelo jeito, pela face?

E como neste minuto de decifragem
em que sons se trocam e lábios se tocam,
não destruir a musa idealizada?

Como no minuto que precede o dito
não temer que o que fica escondido
seja suficientemente sombrio
para afasta o futuro que eu poderia ter,
contigo.

Gabriel Riva

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O Ex-estranho

Não posso dizer exatamente o que é o ex-estranho para Leminski, mas sei que para mim o ex-estranho é se encontrar um pouco mais a cada verso novo, é descobrir ser aquilo que não se sabia ser. É jogar palavras aleatórias numa folha de caderno e, depois de meias horas riscando, apagando, rasgando, encara-la de frente e reconhecer ali um pedaço de si mesmo que não conhecia.
No caso do blog, a proposta é aquela que assumi para minha poesia. Versos normalmente simples, sem muitos tralalás, que ecoam naquele amalgama que chamo de alma(e porque não os versos complexos as vezes? Tem dias que qualquer pessoa se sente mais complicada e, por isso, estes também terão o seu crédito).
Poesia feita durante o carnaval, terminado no domingo da poesia morta, mas que, felizmente, ressurgi.


Uns cheiram cocaína
Outros tomam alegria
Eu tento consolar no álcool
A falta de poesia.

Eu tento encontrar no porre
o sentido desta ironia
Que é viver sem se ter certeza
De que é realmente vida o que se está vivendo.

Gabriel Riva

ps: para manter o velho hábito, o blog será atualizado toda semana, quando eu estiver com saco e algumas vezes quando simplesmente me der na telha.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

agônia, agora, Not Belonging

Não é que o que me levou a criar meu primeiro blog tenha passado. Meu Ariel e meu Caliban(as duas faces de Álvares de Azevedo) ainda estão em constante embate, porém, as pessoas crescem, os sentimentos amadurecem, meio-termos(pelo menos, nesse sentimento) são encontrado. Um blog dark com o nome de fallen archangel, por fim, não refletia mais aquilo que eu queria passar, mesmo sentimento, porém, nova compreensão, novo nome. Enfim, para o primeiro post, vou explicar porque eu comecei a escrever e porque o novo título é o Ex-Estranho.

Quando eu tinha cerca de 13 anos, escrevi minha primeira poesia, em uma aula de redação. Se chamava Profeta do Amor e era construída, basicamente, em cima da minha sabedoria popular de menino que viu muita têve, jogou muito videogame e ouvia o pai tocar violão desde sempre. Então surgiu um poema, meio Frejat, que apesar deu não lembrar sobre o que se tratava, falava sobre Orfeu, que foi ao inferno atrás da sua amada(falar isso na época, fez com que eu me sentisse o máximo). Na mesma época, meu interesse pela leitura aflorou. Lia livros como quem vê filmes, seguidos, só parando quando estava na rua. Lia nas aulas, em casa, no carro, em viagens.
Apesar de não saber exatamente quando, sei que tem haver com a leitura e a escrita, além é claro da adolescência. O fato é que nesta época fui atacado por um furacão de sentimentos que não sabia que existiam em mim. Ansiedade de ocupar a mente, de me fazer ser visto, de crescer, de amar.
E assim saia a poesia, como algo que me ocupava quando esta ansiedade me atacava, era onde contava meus amores muitas vezes criados, paixonites, onde tentava criar um mundo meu, acalmando a necessidade que desde pequeno sempre tive de "fazer de conta". Era nas poesias também que falava sobre aquilo que não podia fazer, e dai surgiu o Arcanjo Caído, a face daquilo tudo que já tive vontade de fazer mas não fiz.

Já se passaram 7 anos desde comecei a escrever. Li muito, escrevi muito, sobre tudo e todos. Os temas mudavam de acordo com a fase, os sentimentos mudavam um pouco também, mais uma coisa sempre esteve ali: a ansiedade, a fome de alguma coisa que nunca era satisfeita por completo, a angústia de querer as respostas da vida, de querer encontrar quem eu seria. E assim, segui, analisando meus atos, analisando o mundo a minha volta, e sempre escrevendo. E escrevendo e lendo encontrei essa palavra, esse sentimento que me domina, já dito por Leminski, o sentimento de not belonging, de não encontrar a paz de espirito em nenhum lugar, com ninguém.
Bom, acho que este post já está longo o suficiente, então vou parar por aqui(mesmo o sentimento ainda estando explicado pela metade), para acabar, basta me imaginar como uma mente inquieta, querendo sempre mais, sempre algo, sempre querendo descobrir a sua verdade(e que, agora, vem conseguindo, mesmo não tendo se livrado de tudo que ama como fez Sidarta, mas não foi ele mesmo que disse que cada um tem o seu jeito de se encontrar? Ele falava a verdade, obrigado). Pra completar vai uns versinhos em homenagem à Leminski e o seu Ex-estranho.
ps: acabei esquecendo de explicar o que é o Ex-Estranho, explico outra hora, mas é basicamente, uma consequência do not belonging.

Misto de Tédio e mistério
meio dia / meio termo
incerto ver nesse inverno
medo que a noite tem
que o dia acorde cedo
e seja eterno o amanhecer

Paulo Leminski