sexta-feira, 10 de abril de 2009

Eu-lírico

É difícil para mim criar um eu-lírico. Minha poesia é sentida e é quase verdadeira - exagerado, transmutado, mudado de receptor, o sentimento - mas ainda assim, quase verdadeira. Sei que devo o poeta ser um fingidor - mas como escrever algo que nunca se experimentou? É difícil, nem a minha imaginação, esta que cresceu com Arcadia, consegue sair do 0 pra poesia. E fingir sentimento nunca é bom - sempre há a chance de que se incorpore aquilo que fingiu.

Segue ai outra poesia minha com eu-lírico, quem sabe, outra música em breve. Tentarei gravar as últimas e posta-las aqui.

Ana Maria

Todo dia ela bota a saia
pra sair de casa
Passa a madruga fora e só volta
na manhã seguinte
se eu pergunto onde ela esteve, mente

Todo dia ela não quer que a filha saia
Diz que sempre que chega, mente
diz que foi só dar uma volta,
e sai de novo na noite seguinte
Não sei nem se ainda mora na minha casa

Você não entende que quando ela chega em casa
seu rosto não mente
chorou em todo o caminho da volta
É seu jeito de chegar ao dia seguinte
Acha triste onde ela mora, essa casa

Traz lembranças tão boas
E sua vida ainda segue muito difícil
Ela não gosta de ficar à toa
Ela não gosta de ficar sozinha

Gabriel Riva

4 comentários:

Nai disse...

Estou achando que vc vai virar compositor... Rsrsrsrssss... Esse poema daria um belo samba... Fiquei pensando no que escreveu sobre incorporar aquilo que se finge, mas até que ponto podemos confiar na realidade, se ela é relativa e se mesmo que não temos criado tudo, outras pessoas criaram pra gente. A postura, a ética, a moral. Nem o que se sente pode ser de fato tangível, mas dá tb pra se confiar no tato? Será que só o que nos dá felicidade é real, ou será o asco algo tão real quanto o desejo? Estou viajando... Bom, adorei a poesia. Bjs.

priscila disse...

eu sei quem é ela...

roabc disse...

gostei^^

roabc disse...

ahhh, po, fiquei curioso pra ver essas músicas1